sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Produtividade energética


Jornal i
09 de Junho de 2009

Todos os economistas concordam que a receita para um crescimento económico sustentável é a produtividade. Sem aumento de produtividade, o crescimento económico resulta sempre num aumento da inflação. Quando se diz produtividade, pensa-se em sobretudo em produtividade do factor trabalho. Pois bem, existe outra produtividade que tem cada vez mais um papel central: a produtividade energética.
É fundamental, para um país como Portugal, melhorar a produtividade energética. Por um lado, as importações de produtos energéticos representam cerca de 50% do deficit dab balança comercial, por outro lado, os custos da energia vão continuar a sua trajectória ascendente nos próximos anos. No entanto, a intensidade energética (consumo de energia primária por um milhão de euros de PIB), em Portugal, tem continuado a divergir da média europeia. A produtividade energética deveria presidir a todas as decisões de política energética, o que não acontece hoje. Um exemplo: a electricidade em Portugal continua a ser subsidiada, sendo os preços do kWh eléctrico mantidos artificialmente baixos pelo Estado, através do deficit tarifário. Ou seja, o incentivo é perverso: quanto mais energia eu gastar, maior é o valor total que o Estado gasta em subsídio à minha energia. Os custos de ser ineficiente são mais baixos e os investimentos em eficiência energética menos atractivos. Como podemos esperar mais produtividade energética dos agentes económicos quando incentivamos o seu contrário?