quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Carros eléctricos podem aumentar emissões de CO2 se dispensarem energia "verde"


08.02.2010
Lusa

A circulação de carros eléctricos pode provocar um aumento das emissões de dióxido de carbono (CO2), a menos que estes veículos sejam abastecidos com energia “verde”, refere um relatório hoje divulgado pela Quercus.

As conclusões do estudo, apresentadas em Bruxelas, levaram as organizações ambientalistas que o divulgaram a “apelar ao estabelecimento de metas de energias renováveis na produção de electricidade que assegurem que os veículos eléctricos terão mesmo emissões zero”.

O relatório, da autoria da consultora holandesa CE Delft, é publicado na véspera da reunião informal dos ministros da Indústria da União Europeia que se preparam para anunciar um Plano de Acção Europeu para os Veículos Eléctricos.

O estudo indica que a legislação europeia que regula as emissões dos carros apresenta “graves lacunas”, ao autorizar os construtores automóveis a “compensar” a venda de veículos eléctricos com a venda de veículos mais poluentes, que escapam aos limites de emissão definidos na legislação.

O vice-presidente da Quercus, Francisco Ferreira, salienta que “Portugal tem feito um esforço significativo na produção de electricidade de origem renovável, mas não tem sido transparente na comunicação pública do seu peso relativo, exagerando nas contas”.

“Cerca de 36,5 milhões de euros de apoio previsto no Orçamento do Estado a cinco mil veículos eléctricos, a que se deve acrescentar a receita perdida em Imposto sobre Veículos e Imposto Único de Circulação, parece-nos demasiado”, defende Francisco Ferreira, especificando que “são 5000 euros de incentivo, mais 1500 euros se for entregue um veículo para abate e ainda 803 euros” referentes à aquisição de equipamentos de energias renováveis.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Portugal à procura da eficiência energética

O consumo de energia primária em Portugal tem vindo a crescer consideravelmente nos últimos 20 anos. Segundo os números da Direcção Geral da Energia e Geologia, de 1990 até 2007, o aumento foi de quase 50 por cento, tendo o consumo de carvão, petróleo, electricidade e gás natural saltado de 17 625 kilotep (Toneladas Equivalentes em Petróleo) para 25 375 kilotep. É mediante este cenário que o actual Governo pretende, com a Estratégia Nacional para a Energia (ENE), diminuir o consumo de energia com base nos combustíveis fósseis e promover a eficiência energética, apostando mais nas renováveis.

Entre 1990 e 2007, Portugal registou um considerável aumento (cerca de nove kilotep) no consumo de energia primária. Entre as principais fontes de energia, destaca-se em larga escala o consumo de petróleo (cerca de 60 por cento da energia primária), o que muito contribui para uma elevada percentagem de recurso aos combustíveis fósseis (também cerca de 60 por cento da electricidade é produzida com recurso a fontes de origem fóssil).

Por outro lado, a forte dependência do petróleo que se verifica em Portugal também significa dependência energética face ao exterior, na medida em que cerca de 85 por cento da energia consumida em território nacional é importada.

Foi com estes números em cima da mesa que o primeiro-ministro, José Sócrates, no passado dia 16 de Março, em Lisboa, apresentou a Estratégia Nacional para a Energia, e defendeu os seus principais eixos e metas a atingir. Segundo Sócrates, um dos grandes objectivos da ENE passa precisamente pela redução em 25 por cento do saldo importador e pela promoção do desenvolvimento sustentável, de forma a cumprir as metas de redução de emissões assumidas por Portugal no quadro europeu.

Nesse sentido, a nova estratégia prevê a execução da rede de automóveis eléctricos, a redução do consumo dos combustíveis fósseis em dez por cento e a cobertura de 50 por cento das habitações por redes inteligentes até 2020. A par disto, pretende-se ainda o aumento da potência da energia eólica em 400 megawatts, num investimento de cerca de 400 milhões de euros. “É uma aposta nas energias renováveis. Sabemos exactamente o que há para fazer nas energias eólica, hídrica e solar”, defendeu José Sócrates.

Também no contexto das políticas europeias de combate às alterações climáticas, o Governo ambiciona que, em 2020, cerca de 60 por cento da electricidade produzida tenha origem em fontes renováveis.